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domingo, agosto 07, 2005

testemunhos do princípio do fim

«Depois de termos andado cerca de um quilómetro parámos numa pequena ponte de pedra. (...)

Uma mãe tinha uma criança deitada num berço e pedia socorro «por favor, tragam um médico, um médico, por favor, rápido».

Provavelmente ela estava ali, ferida, há mais de dez horas. Nós pouco podíamos fazer. Não tínhamos meios para a ajudar, excepto dar-lhe conforto e coragem.

A criança, sem qualquer dúvida, respirava com dificuldade e morria nos seus braços.(…)

A aparência da cidade variava de local para local.

Aqui, a explosão e os incêndios reduziram a cidade (numa área de aproximadamente quatro quilómetros)a cinzas num instante.

Equipas de socorro, médicos e bombeiros nada podiam fazer a não ser, esperar.

Só alguém que tivesse imensa sorte em estar num local bem abrigado é que podia ter sobrevivido.

Mesmo que as equipas médicas e os bombeiros das cidades vizinhas pudessem aproximar-se, as estradas estavam completamente bloqueadas de entulho e madeira queimada.

Por outro lado, não faziam ideia onde se encontravam as principais fontes de água, o que tornava impossível apagar os incêndios. Não havia serviços de telefone e telégrafo. As equipas não podiam contactar o exterior para pedir ajuda.

Na verdade, era o inferno na terra.

Os que sobreviveram tinham os olhos queimados devido às intensas radiações e queimaduras na pele e vagueavam à espera de ajuda.»

sábado, agosto 06, 2005

o princípio do fim - hiroshima














A cidade de Hiroshima, no sul do Japão, é mundialmente conhecida por ter sofrido o primeiro ataque atómico da história. A bomba atingiu a cidade na manhã do dia 6 de Agosto de 1945, e a história da humanidade nunca mais foi a mesma.

O ataque americano foi decisivo para o fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, com a rendição do Japão. O bombardeamento matou instantaneamente cerca de 130 mil pessoas. Uma das maiores cidades do Japão, Hiroshima tinha na época cerca de 325 mil habitantes. A bomba também afectou seriamente a saúde de milhares de sobreviventes. A grande maioria das vítimas era constituída pela população civil, que nada tinha a ver com a guerra.

Naquela fase da guerra, os nazis já haviam sido derrotados pelos aliados na Europa. Restava apenas o Japão no flanco asiático, que resistia com eficiência ao cerco dos americanos. As forças dos Estados Unidos estavam a derrotar os japoneses no mar e nos territórios invadidos pelo Japão, principalmente nas Filipinas, na China e nos arquipélagos do Pacífico. Entretanto, segundo os generais americanos, a perda de territórios invadidos não seria suficiente para que os japoneses se rendessem.

Para que o imperador Hiroito, líder japonês, aceitasse a rendição incondicional, seria necessário um ataque directo ao território japonês. A invasão ao Japão era considerada uma iniciativa de altíssimo risco, pois a resistência da população e a batalha em solo inimigo provocariam baixas maciças nas forças americanas. Na época, calculou-se que uma invasão poderia causar a morte de aproximadamente 2 milhões de pessoas, entre americanos e japoneses, além de prolongar a guerra indefinidamente.

Foi então que o alto-comando americano passou a considerar a única arma capaz de um ataque fortíssimo, que destruísse por completo o seu alvo sem causar nenhuma baixa nas tropas dos EUA: as bombas atómicas. Somente a potência de um ataque nuclear poderia obrigar os japoneses a se renderem. Na época, diversos cientistas, como Albert Einstein, estavam a colaborar para a evolução da tecnologia nuclear, que já podia ser empregada para fins militares.

A destruição

Ironicamente baptizada de "little boy", (garotinho, em inglês), a bomba lançada em Hiroshima é até hoje a arma que mais mortes provocou em pouco tempo. A bomba foi lançada às 8h45 e as mortes foram praticamente instantâneas. De acordo com cientistas, bastarem dez segundos para que 130 mil pessoas morressem e 80 mil ficassem feridas.

A sua potência correspondia a 20 mil toneladas de dinamite. A explosão provocou um calor de cerca de 5,5 milhões de graus centígrados, similar à temperatura do Sol.

A cidade de Hiroshima pode ter sido escolhida para o ataque porque fica no centro de um vale — o que pode aumentar o impacto da explosão nuclear, já que as montanhas ao redor prenderiam na região as intensas ondas de calor, a radiação ultravioleta e os raios térmicos produzidos no ataque.

Após um silencioso clarão, ergueu-se uma espessa nuvem de poeira e fragmentos de fissão. Uma chuva formada por gotas enormes caiu depois da explosão. Segundo relatos da época, era uma chuva escura, formada por um líquido pastoso. Essa chuva atingiu vegetações e reservatórios de água em regiões próximas a Hiroshima.

Prédios desapareceram com a vegetação, transformando a cidade num deserto. Num raio de 2 km, a partir da área sobre a qual a bomba explodiu, a destruição foi total. Milhares de pessoas foram literalmente desintegradas. Suas mortes jamais foram confirmadas em função da falta de cadáver. Quem sobreviveu teve a saúde seriamente comprometida. O calor arrancava a roupa e a pele. No total, morreram cerca de 300 mil pessoas em consequência do ataque. Ou as vítimas foram incineradas pelo calor, ou morreram aos poucos com os efeitos da radiação (como o cancro).

Três dias depois, em 9 de Agosto de 1945, a cidade de Nagasaki também foi atacada com uma bomba atómica. Mais uma vez, os americanos baptizaram-na com ironia: "fat man" (gordo). A bomba matou cerca de 70 mil pessoas e deixou 25 mil feridas. Segundo historiadores americanos, o alto-comando dos EUA ameaçou atacar Tóquio caso o Japão não se rendesse. A destruição que um ataque nuclear causaria numa das maiores cidades do mundo era incalculável.

O imperador Hiroito não só aceitou como propôs a rendição incondicional diante da ameaça. Depois de seis anos, a sangrenta Segunda Guerra Mundial havia finalmente terminado. Curiosamente, bombas atómicas nunca mais foram usadas em guerras, embora tenham ocorrido vários conflitos após 1945. As armas, no máximo, são empregadas em testes para que países exibam seu poder (como fazem a Índia e o Paquistão, por exemplo).

Após conhecer a destruição que pode ser causada pelas bombas, as potências temem envolver-se num conflito nuclear. Isso explica por que a guerra fria foi um conflito de ameaças recíprocas entre Estados Unidos e União Soviética, em vez de uma guerra nuclear de facto.

Mas essa é outra história.