革命的兒子 | γιος της | επανάστασης | сынок витка | 혁명의 아들 | 回転の息子

terça-feira, agosto 28, 2007

3 primeiras regras de um (meu) manual de (re)iniciação para um mundo melhor

  1. Conhece-te a ti mesmo

Sempre que chegamos, seja lá onde esse chegar aconteça, antes de mais, fazemos o reconhecimento do território. Depois, das condições concretas. Depois, das pessoas, coisas e situações concretas condicionadas por essas mesmas condições concretas.

Tal reconhecimento serve de base para nos (re)estabelecermos, após mais uma partida e outra chegada.

Quantas mais vezes chegamos, seja lá onde esse chegar aconteça, vamos constatando que, depois de efectuados os devidos reconhecimentos de condições, pessoas, coisas e situações concretas, existe uma grave omissão: nós (eu)! Ou seja, a necessidade de efectuarmos, durante as estadias, na acção portanto, um processo de auto conhecimento rigoroso. Ou seja, assumindo aquilo que nós (eu) efectivamente somos (sou) e não aquilo que gostaríamos que fosse.

A acção de sempre chegar, seja lá onde esse chegar aconteça, tem, obrigatoriamente, de nos (a mim) fornecer um mapa de nós (mim) próprio(s).

Esse processo de auto conhecimento, forjado na acção é, creio, o ponto de partida para uma maior capacitação. Nesse processo dá-se uma espécie de homeostase (propriedade de um sistema aberto, seres vivos especialmente, de regular o seu ambiente interno de modo a manter uma condição estável, mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico controlados por mecanismos de regulação interrelacionados) entre o interior (nós / eu) e o exterior (território). Nessa homeostase aprendemos que defeitos e virtudes essenciais são categorias plásticas e que o exercício de tomada de decisões é centrado na procura de contextos virtuosos. Dito de outra forma, um mesmo traço de carácter pode ser defeito ou virtude em função do contexto e o contexto é uma emanação da base moral e como tal, duma procura interior “cá fora”.

Este é o ponto de partida, de chegada e de novo de partida e de novo de chegada em muitos ciclos em que procuramos reconhecer uma tendência ascendente.

  1. Chama o Outro pelo seu nome

No início, quando chegamos, seja lá onde esse chegar aconteça, animados e cheios de boas intenções, a capacitação surge como algo que estamos ali para oferecer através de uma qualquer acção que procura obter a eficácia. De alguma maneira se trata de um 'exercício empresarial' eticamente conduzido. Identificar bem quem nos rodeia, os nossos clientes, as necessidades, as deles, definir o mix de produtos, argumentos entendam-se, capazes de as satisfazer, planear e controlar, dirigir e organizar os recursos, os deles, de modo a procurar uma eficiência e eficácia que deixe todos (nós, eu) satisfeitos… é o objectivo!

No entanto, a eficácia gera coisas, a fertilidade gera seres. Concentrados na eficácia da afectação de recursos, os deles, depois de chegarmos, de nos estabelecermos e de nos impormos, vimo-nos conduzidos a relações instrumentais e até de paternalismo, nosso, e de dependência, deles. Possivelmente o erro mais grosseiro que se comete depois de chegarmos, seja lá onde esse chegar aconteça, e de nos estabelecermos.

Com objectivos quase sempre quantitativos e raramente qualitativos para cumprir, o caminho mais fácil é fazer o exercício já sabendo a resposta, ou seja, submetendo os meios aos objectivos e o processo ao resultado.

Ora a nossa (minha) experiência, sempre que chego, reconheço o território, me estabeleço e imponho, ensinou-me, por via do erro (a imposição) cometido, justamente o contrário: o processo define o resultado. A fertilidade emerge de relações constitutivas. Relações entre pessoas que decidem trabalhar, viver, caminhar em conjunto. Dessas relações brota um poder específico, uma capacitação que é apropriada de diferentes maneiras e em livre arbítrio, por cada uma das pessoas intervenientes.

Aprende-se que: a capacitação não se oferece, produz-se na relação. E não é de só de uma das partes, não se impõe, é de todas as pessoas da relação, que participam dela.

Os primeiros contactos, depois de chegarmos, reconhecermos o território, estabelecermo-nos, impormo-nos errando, e aprendermos, são um exemplo desta capacitação mútua, de nós (Eu) e dos Outros, gerada por uma relação constitutiva voltada para a melhoria do desempenho, seja ele qual for.

Essa relação para ser constitutiva, fértil, pressupõe que designemos o Outro pelo nome. Pressupõe o abandono da abstracção dos números, sim abstracção dos números, e das generalidades qualitativas assumindo o primórdio do sujeito. A revelação acontece imediatamente.

O sujeito, o substantivo tem muitos adjectivos. Cada pessoa é uma multiplicidade de identidades. Uma relação fértil parte da identificação daquilo que realmente nós (Eu) somos (sou) e daquilo que realmente o Outro é. Não daquilo que gostaríamos que o Outro fosse. Mas assume a possibilidade de mudança, a possibilidade de transcendência a partir do poder gerado no próprio seio da relação. Tal é a natureza da nossa (minha) Utopia.

  1. Mais importante que caminhar, descer em conjunto

Após nos conhecermos e chamarmos o Outro pelo nome dá-se um salto qualitativo na relação com o Todo. Surge o momento em que somos confrontados e confrontamos o Outro com a máxima de que ‘deixamos (deixei) de poder dar aquilo que prometemos’. Aparentemente tudo fica mais pobre. A promessa implica sempre mais. E eis que depois de chegarmos, reconhecermos o território, as condições concretas, as pessoas, coisas e situações concretas condicionadas por essas mesmas condições concretas, depois de nos impormos errando e aprendendo, perguntamos se nos (me) querem: assim pobres? A resposta, emocionada, desassombrada e avassaladora será sempre: sim! A nossa (minha) relação constitutiva com o Outro começa precisamente aí. Deixamos (deixo) de “estar para” para “estar com”. Em praticamente todas as opções “estar com” exige uma progressiva identificação com o Outro. A maneira de pensar, estar, sentir e agir. Não questionamos essas opções. Mas gostaríamos de valorizar a via da diversidade. A das relações constitutivas entre pessoas diferentes. Perde-se, talvez, em eficácia, ganha-se, de certeza, em fertilidade. A diversidade assente em relações não instrumentais e constitutivas gera fertilidade e capacitação. A mudança de estado dá-se quando vemos (vejo) os Outros como eles realmente são.

Devemos (devo e quero) estar conscientes de que vamos (vou) ter muitos mais momentos de desolação, logo aprendizagem, na acção. Se soubermos (souber) descer junto, reforçando relações, sem medo de bater no fundo vai ser fácil caminhar e subir para chegar de novo, seja lá onde esse chegar aconteça…

mego