革命的兒子 | γιος της | επανάστασης | сынок витка | 혁명의 아들 | 回転の息子

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

conversas vadias - agostinho da silva

“Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; […] Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha” – “Sete Cartas a um Jovem Filósofo”, 1945

“Não defendo este partido, nem o outro; se ambos diferem à superfície e podem arrastar opiniões, aprofundemos nós um pouco mais e olhemos o substrato sobre que repousa a variedade […] Que vejo de comum? O rebanho dos homens, ignorantes e lentos no pensar, que se deixam arrastar pelas palavras e com elas se embriagam” – “Diário de Alcestes”, 1945

“Não sou do ortodoxo nem do heterodoxo; cada um deles só exprime metade da vida, sou do paradoxo que a contém no total” – “Pensamento à Solta”

sugerido por m.ego

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

EU sou mais eu! pois...

“Os grandes artistas roubam, artistas menores pedem emprestado”
August Staindberg
“O segredo para a criatividade é saber como ocultar as suas fontes”
Albert Einstein

Volta e meia aparece alguém a afirmar-se muito livre. Livre em relação a tudo e a todos. E, usualmente, em relação a alguém bem concreto… é uma afirmação do ego: EU. Eu não sou igual. Eu não sou influenciável. Eu sou diferente. Penso por mim mesmo, sou original. Eu sou eu mesmo… Pois…

É costume serem esses mesmos que também acusam outros de serem “cegos”, seguidores, influenciados, manipulados por X e Y, etc.

E é engraçado que essas mesmas pessoas costumam ser nitidamente influenciados por outrém. Em alguns casos são cópias mal disfarçadas e não assumidas. Deve ser por isso que têm tanta necessidade de afirmar a sua diferença e independência. É por tão nitidamente não a terem…

Bem, no meu caso posso afirmar, tristemente, que não tenho nada de original. E sim, sou influenciável.

Sou influenciável por tudo e todos. Pelos amigos e família. E colegas. E críticos e concorrência. Pelos livros, filmes, conversas, comidas, arquitectura e a p.q.p.! Tudo o que existe me influência. Toda a natureza, incluindo aí a minha própria natureza nos seus múltiplos aspectos. E, claro, o meu Mestre, a minha escola de Yôga, o próprio Yôga em todos os seus aspectos, e os hinduísmos que lhe dão contexto. E a sociedade como um todo. Com todos os seus grupos e subgrupos, políticos, artísticos, religiosos, anti-religiosos, etc. É um universo de influências sem fim! Sou um afectado!

E no entanto sinto-me cada vez a “pensar” mais e melhor. E cada vez mais por mim mesmo!

É interessante que de tanto “pensar” cheguei a conclusão que não só sou influenciável e nada original, mas que, de facto, não existe algo propriamente original! A existência é uma REcriação. Uma REnovação. Uma permanente REactualização da mesma coisa. De uma só coisa, una e integrada. A própria afirmação de que EU sou diferente e independente carece de lógica. Não faz sentido.

Originalidade só se a coisa for vista ao contrário: tudo é sempre novo e espontâneo! Vai dar ao mesmo mas não tem tanta piada, porque aí TUDO (E TODOS) é sempre novo e… não há destaque para o ego na mesma!

O Yôga tem destas coisas. A meditação dispensa e afasta influências externas, deixa a consciência fluir do interior, directo da origem, sem interferências, e, resultado: conclui-se que não há interior nem exterior e que o original afinal não o é assim tanto!

Originalidade é apenas dizer ou fazer a mesma coisa de forma diferente. Em outro contexto. Em outro lugar e época. E com cuidado para que ninguém repare! Quando me refiro aos postulados (dogmas, axiomas, verdades, afirmações ou outro nome que lhe queira dar) do uno, integração, re… não digo nada de original. Neste campo (da filosofia em geral e das Hindus em especifico) não conheço ninguém que tenha inventado nada. Na realidade, lá na Índia, conclusões filosóficas deste género são comuns, banais. Já se recriam desde há milhares de anos. É mais do mesmo…

Resultado: em originalidade sou parco. Muito parco!

E isso quer dizer que tenho um ego muito polido, humilde e controlado? Não, de todo.Adorava ter a sorte e o engenho (e a falta de vergonha) para anunciar ao mundo “novas” verdades e, naturalmente, ser bem recompensado por isso. (Se houver por aí crentes desesperados, desejosos de me eleger profeta, avisem.)

Mas não. Não tenho esse poder. Nem ando à procura dAquela verdade que ainda ninguém descobriu. Aquela definitiva. Absoluta acerca de tudo e de qualquer coisa. Não tenho pretensões a ser primeiro… o mensageiro salvador! Uma pretensão que fascina e obceca a tantos.

Na realidade sou apenas mais um no meio de muitos outros a fazer o mesmo que todos sempre fizerem: a existir. E, feliz ou infelizmente, estou consciente disso.

Ora porra!

Bem, pelo menos não me sinto neuroticamente mal por reparar, a cada nova “revelação” que afinal havia outra… E até sabe bem concordar. Encontrar pontos de união. Encontrar pessoas que pensam e querem o mesmo. Estar junto.

E para falar a verdade não me julgo menos “eu mesmo” por isso!

(Para constatar facilmente que este texto é uma cópia descarada que plagia milhares de CO-autores, recomendo começar a consulta pelos livros do Mestre DeRose, depois consultar os da bibliografia recomendada e depois os da bibliografia desses e depois os da bibliografia desses e depois… ou então faça pesquisa no Google!)

surfista prateado aka António

sugerido por m.ego