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sexta-feira, setembro 30, 2005

há coisas que nunca mudam...

“O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As falências sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia… explora. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. A intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada.”

Eça de Queiróz ,"As Farpas", 1871.

sugerido por cão de guarda

3 Comments:

Blogger António said...

O que raio é qu eum gajo há-de fazer!!!!????

8:22 da tarde

 
Blogger Daniela said...

nada muda porque nos acomodamos a tudo isso e temos medo de tentar 'evoluir'... nao somos nada enquanto continuar mos a repetir os erros dos outros!!!

*

1:05 da manhã

 
Anonymous Anónimo said...

A única diferença é que já quase desapareceu a classe média...agora é ricos e pobres! E não tarda muito será muito ricos e muito pobres.

5:54 da manhã

 

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